segunda-feira, 21 de junho de 2010

Livro de Sérgio Britto relembra 65 anos de carreira

Ator acaba de lançar a autobiografia 'O Teatro e Eu'

Ativo aos 86 anos, o ator Sérgio Britto acaba de enfrentar o mais realista de todos os seus papéis: escrever o livro “O Teatro e eu”. Durante apenas seis meses, ele se dedicou pessoalmente ao projeto, lançado no final de maio, em concorridas sessões de autógrafos no Rio e em São Paulo.

Trata-se de uma corajosa revisão de 65 anos de carreira na televisão, cinema e, principalmente, no teatro. Logo no primeiro parágrafo, Britto descreve como aceitou, em um impulso nos idos de 1945, trabalhar como ator em teatro universitário. Os pais amorosos e a mãe dominadora o fizeram sentir a necessidade de se libertar. Apesar de seguir a recomendação paterna e estudar Medicina, viu no palco o “caminho da salvação”.

Aos 22 anos, teve sua primeira experiência teatral, interpretando Benvólio na montagem de Romeu e Julieta. Começava assim uma das mais exuberantes carreiras teatrais do Brasil, marcada por grandes encenações nas décadas seguintes.

Para pesquisadores, o livro oferece preciosos detalhes sobre a criação e os bastidores de grupos e espaços cênicos importantes do país, como Teatro Universitário, Teatro Brasileiro de Comédia, Arena, Teatro dos Doze, companhia de Maria Della Costa e Teatro dos Sete. Aos atores, Britto revela seus principais desafios, como os problemas de audição e com a voz, além dos obstáculos financeiros enfrentados especialmente com o corte de verbas durante a gestão de Fernando Collor de Melo (1990-92). Ao público em geral, o veterano ator relata momentos bastante particulares.

O livro é escrito na primeira pessoa e fala de cada experiência da carreira, além de comentar sobre colegas, personagens e personalidades que marcaram seu trabalho. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Sérgio Britto declarou, entre outras frases marcantes: “Hoje, tenho a pretensão de saber quase tudo, mas nem por isso me sinto capaz de enfrentar qualquer texto”.

Sobre a facilidade de escrever a autobiografia, que resultou num impressionante passeio por boa parte da história do teatro brasileiro a partir da segunda metade do século passado, afirmou: “Memória é como poeira. A camada mais inferior está assentada e praticamente nada se perde. Já a de cima é solta, facilmente levada pelo vento. Como minhas lembranças do teatro são sólidas, não precisei fazer nenhuma pesquisa nem consultar anotações”.

Serviço:

Livro “O Teatro e eu”, de Sérgio Britto

Editora Tinta Negra

416 páginas – Preço aproximado: R$ 65

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo. Leia mais sobre Sérgio Britto aqui.



Postou Laila Guilherme – Cinema Brasil

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