sábado, 8 de janeiro de 2011

E A BOSSA-NOVA CHEGA PRIMEIRO A SÃO PAULO




“Ouçam este disco, liguem para 36-6331 ou 36-8451, aqui na Rádio Bandeirantes, e contem a melodia, a letra ou a divisão, valendo dez Lps”.

O disco era “Chega de Saudade” com João Gilberto e o programa era O pick-up do Picapau, que outro disk-jockey de São Paulo, Walter Silva, acabara de estrear nos primeiros dias de dezembro pela Rádio
Bandeirantes.

Dezenas de ouvintes telefonaram aquele dia tentando repetir o que tinham executado, mas logo às primeiras notas, eram gongados pelo maestro Erlon Chaves presente no estúdio.

Uns poucos já sabiam a letra de cor e outros conseguiram cantá-la à perfeição. O primeiro identificou-se como Francisco Nepomuceno de Oliveira – na verdade, Chico, vocalista do Conjunto Titulares do Ritmo. O segundo não valia: Agostinho dos Santos.

“Chega de Saudade” tornou-se abertura do “Pick-up do Picapau” nos meses seguintes, contra a vontade do diretor comercial da estação, Samir Razuk.

Até então, a Bossa-Nova que teve a sua origem no Rio de Janeiro, junto à classe média, não era bem vista pela crítica.

O marco da Bossa–Nova é o disco de Elizeth Cardoso, “ Canção do Amor Demais”, em abril de 1958, que foi gravado pela etiqueta Festa. De um lado o LP tinha a música Chega de Saudade com João Gilberto acompanhava a cantora no violão. No lado b tinha a música “Outra Vez”, ambas de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Três meses depois, no dia 8 de julho, João Gilberto gravava um 78 rotações que de um lado tinha Chega de Saudade e do outro, Bim Bom.

Verdade é que o disco de Elizeth Cardoso ficou nas prateleiras enquanto o disco de João Gilberto passou a ser o marco da Bossa Nova.
          

                             Postado por Alcides Martins Fontes Júnior