segunda-feira, 21 de junho de 2010

Teatro Oficina será tombado pelo Iphan

Foto: Daniel Guimarães
O Teatro Oficina, na Rua Jaceguai, no bairro do Bexiga, em São Paulo, será tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nesta quinta-feira, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Projeto moderno de revitalização da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, o Teatro Oficina é um dos mais importantes espaços de experimentação teatral do país desde os anos 1960.

O tombamento nacional do Oficina foi um pedido do diretor teatral José Celso Martinez Correa, de 72 anos, ao então ministro da Cultura Gilberto Gil, em 2003. Correa temia a anunciada construção de um shopping center pelo grupo do empresário Silvio Santos, na área vizinha. O empresário chegou a tentar adquirir o teatro, mas enfrentou resistência do diretor. “Construir o shopping aqui é como fechar o vão livre do Masp”, disse. Com o tombamento, qualquer edificação na vizinhança, a partir de agora, deverá ter seu projeto submetido ao Iphan e não poderá ultrapassar certas dimensões, além de não poder impedir a iluminação no teatro.

O estudo de tombamento ressalta, além do caráter artístico do espaço, a importância histórica para o teatro brasileiro e seu papel de resistência durante o regime militar no Brasil. Em 1984, Lina Bo Bardi fez o projeto de reformulação arquitetônica do antigo imóvel que abrigava o Teatro Oficina, atingido por incêndio em 1966. A arquiteta, 11 anos antes, já tinha feito cenários para peça de Brecht em montagem de José Celso. A fachada típica das residências do Bexiga foi mantida, mas a mudança no interior foi revolucionária, com o palco longitudinal e a parede envidraçada de 150 m².

O Teatro Oficina, na década de 1960, foi um importante centro de vanguarda e de resistência aos anos autoritários do país. Dedicado à tradução metafórica dos anos de ditadura, a partir de 1967, com a peça “O Rei da vela”, o Teatro Oficina desenvolveu-se com o “espetáculo-manifesto”, tendo sido interditado pela Justiça Federal. O teatro guarda ainda toda a memória de sua trajetória contestadora e vanguardista. Isso pode ser visto em recortes de jornais, cadernos de ensaios, manuscritos, impressos, fitas de áudio, filmes, vídeos, cartazes e fotografias.


Postou Cristina Braga – Teatro Brasil

Nenhum comentário: