Um mestre de cerimônias recruta os voluntários da plateia (sempre respeitando os que não querem participar) e os conduz aos bastidores do teatro – ao mundo do Teatrokê – para serem “brifados” sobre o personagem e preparados cenicamente. O participante tem à sua disposição adereços, figurinos de diversos tamanhos e todos os recursos necessários para auxiliá-lo na interpretação. Atores-faladores ficam em uma cabine acústica especial e passam, pelo ponto eletrônico, as instruções e o texto para o voluntário; eles conhecem os textos e ensaiaram os papéis. Estão, portanto, aptos a transmitir as falas na cadência adequada e dramaticamente preparada para o fácil entendimento do receptor. O público-receptor que sobe ao palco tem um nome especial: é o Outrokê!
Como o público reagirá é a grande incógnita; esta é a variável que fará de cada apresentação uma aventura. “É também aí que reside uma pesquisa maior do trabalho: o público e suas reações. O que fazer para aprimorar o resultado e melhor amparar o público?”, diz o criador e diretor, Ricardo Karman.
A ideia é tão simples que pode ser facilmente banalizada, mas Karman rebate: “O Teatrokê não é tão simples quanto parece. O falador tem que entrar em sintonia com o seu avatar, o seu outrokê que está no palco. Uma relação de confiança tem que se estabelecer entre eles. É mais do que uma simples transmissão de palavras. É fundamental que o ator-falador transmita ao seu receptor informações não verbais como intenções e emoções, por exemplo. É só pensarmos nos anos de ouro da Era do Rádio e suas novelas extraordinárias: quanta emoção era transmitida aos nossos ouvidos! O Teatrokê orbita esse mundo da transmissão e recepção oral. É aqui que reside uma parte importante dessa experiência artística: na íntima mimese do falador pelo receptor”.
A encenação do Teatrokê tem como pano de fundo a exaltação ao teatro – uma metalinguagem em que o teatro fala do próprio teatro. “Queremos que o público se divirta e conheça o mundo do teatro. Queremos que ele aproveite ao máximo a sua experiência cênica de forma que, além do desafio da atuação, ele também entenda os bastidores da montagem de uma peça teatral e aumente o seu interesse pelo teatro de uma maneira geral”, finaliza Karman.
A banalização da ideia é tão possível quanto seu aprofundamento teórico. Mas uma coisa não deixa dúvida: é uma experiência inédita, interessante e pra lá de divertida!
Espetáculo: Teatrokê®
Direção: Ricardo Karman
Textos inéditos: Marcelo Rubens Paiva, Samir Yazbek, Mario Bortolotto e Ricardo Karman
Textos adaptados: Shakespeare, Karl Valentin e Henrik Ibsen e outros
Elenco fixo: Yunes Chami, Mário De La Rosa, Vivian Bertocco, Gustavo Vaz, Xande Mello
Cenografia e adereços: Otavio Donasci
Figurinos: Joana Porto
Iluminação e sonoplastia: Kompanhia do Centro da Terra
Assistente de direção: Bernardo Galegale
Assistente de figurino: Helena Ramos
Produção: Rachel Brumana
Duração: 75 min.
Gênero: comédia
Capacidade: 100 lugares
Classificação etária: 14 anos
Local: Teatro do Centro da Terra – Rua Piracuama, 19 – Sumaré – São Paulo (11) 3675-1595
Horário: toda terça-feira, às 21 horas – até 31/8
Ingressos: R$ 10 (meia-entrada: R$ 5)
Postou Cristina Braga – Teatro Brasil
sexta-feira, 11 de junho de 2010
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